No dia 5 de maio se comemora o Dia das Lideranças Comunitárias. A Prefeitura Comunitária da Península se une às outras Associações Comunitárias dos Distrito Federal, para parabenizar a todos os moradores que voluntariamente exercem essas funções. Moradores que amam a cidade e tentam proteger o patrimônio histórico concebido.
Construída para ser uma cidade nova, sem os vícios e as desordens urbanísticas observadas nas antigas urbes brasileiras, a população tem resistido progressivamente aos desatinos governamentais. Ano a ano aparecem condomínios irregulares, inchaço por invasões clandestinas, perda de áreas de parques e destruição de seus cursos de água. Uma rotina triste na Capital do Brasil. Felizmente, lideranças comunitárias mais antigas se articulam como podem na defesa dos moradores. Entretanto, associações mais incipientes, observam com desalento a incoerência de projetos articulados nos gabinetes governamentais e aprovados em ritmo alucinante na Câmara legislativa. Deformações progressivas de bairros empilham ações não resolvidas no Ministério Público. Mas resistem!
Uma realidade também vista em outras cidades brasileiras, anteriormente procuradas pela qualidade de vida. Hoje com diversos problemas de ordem urbanística e ambiental, Búzios e Camboriú são exemplos do lamento de quem as visita. A primeira, pela destruição da orla e o desrespeito à propriedade privada, transformando suas ruas em áreas de estacionamento de ônibus irregulares de turismo e seus passageiros desrespeitosos com a natureza e o ambiente. A segunda, um lindo balneário sulista, tornou-se um mar de arranha-céus de até 100 andares, perdendo o horizonte e o mar, estando na atualidade em emergência caótica de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. As causas dessa depressão urbana, tem origem na falta de lideranças comunitárias locais, por serem cidades com moradores estranhos ao meio em que vivem.
Ao contrário, o Distrito Federal é cada vez mais defendido pelos seus moradores estabelecidos definitivamente na cidade. Passou o tempo dos forasteiros que aqui vinham e voltavam saudosistas para suas terras natais. Agora criam raízes, sentem o pulsar de suas ruas e dos seus parques. Trazem sentimentos de posse, exigindo uma melhor qualidade de vida e um futuro seguro para seus filhos. Formam-se com isso as associações e suas lideranças comunitárias. Seu grito de protesto, mesmo sufocado pela classe política e por empresários sem escrúpulos, continua a ser a única maneira de manter a cidade dentro de parâmetros humanizados.
Nesse compasso, as notícias mostram os moradores de Taguatinga, com justa razão, se levantando em defesa da Praça do DI. No outro lado, com desenvoltura, moradores do Lago Sul e Lago Norte protestam contra a invasão desordenada das casas pelo comércio e escritórios predadores. Na Asa Sul e Asa Norte os protestos aumentam contra a poluição sonora sem lei, de bares e restaurantes. E mesmo no bairro novo do Sudoeste, valentes moradores se unem contra a construção de mais um viaduto, sem uma franca discussão por parte dos gestores da cidade.
É a força da opinião pública, através de suas lideranças comunitárias, que começam a exigir a participação ativa e democrática nos destinos da cidade. Movimento que se avoluma, em busca de uma cidade melhor para se viver. Como diz o cronista Severino Francisco, do Correio Braziliense, “estão em contínua luta para que se mantenha mais uma cidade-jardim e menos uma cidade-viaduto”.
Claudio Viegas, Conselho Comunitário da Península Norte.